sábado, 1 de janeiro de 2011

Estimulação motora


   Abaixo segue uma amostra do atendimento que a Marina recebe da fisioterapeuta Patrícia Filter, que vem desenvolvendo o trabalho de estimulação motora da pitoquinha.
    Alguém poderia perguntar: mas ela só tinha catarata, então por que estimulação motora? Por dois motivos. Primeiro porque ela nasceu prematura, e prematuros tem predisposição a atrasar o desenvolvimento motor observado naturalmente em bebês a termo. Segundo, e principalmente, porque a baixa visão interfere na curiosidade natural do bebê por buscar, pegar, movimentar-se, de um modo geral. Já vimos isso em "Período crítico de desenvolvimento da visão", texto do mês de nov/2010.


   E já que o desenvolvimento motor está diretamente relacionado à capacidade visual, vamos à ginástica!!!

Marina fazendo alongamento.

Marina aprendendo a levantar com uma ajudinha básica.

Marina exercitando a musculatura da coluna. Olha que pescoço durinho!

Estimulação visual precoce - parte III

   Abaixo segue uma amostra da estimulação visual que a Marina faz com a fisioterapeuta Alexandra. Notem que embora a visão seja o foco, nos exercícios de estimulação as brincadeiras servem para estímulo global do bebê. A Marina se movimenta (lateralmente, de bruços, de costas, tenta pegar os objetos e tenta levá-los à boca, respondendo adequamente a todos os estímulos que vem recebendo.

  Sucesso!

  
Com a luz chamando a atenção da Marina, é possível fazê-la rolar com facilidade.

 Aqui estamos em estágio avançado, já que a Alexandra hoje consegue fazer a Marina observar objetos mesmo sem luz.

A Marina não só viu o patinho, como tenta mordê-lo. Sai perdendo o pato, né!

Estimulação visual precoce - parte II

     Nas próximas fotos vocês verão o atendimento que as terapeutas Laura e Vanessa realizam com a Marina, no Hospital Banco de Olhos, em Porto Alegre-RS. Na sequência se percebe: o uso de objetos com alto contraste (listras preto/branco), adornos coloridos para o interlocutor (tiara brilhante), e movimentação de luz no campo visual.

À esq., Vanessa, focada na estimulação global motora (Marina sentada, com apoio), enquanto Laura, à dir., dá seguimento ao estímulo visual.

Laura, fazendo estímulo visual (conversa bem pertinho, com adornos) e motor (estímulo da cervical)

Estímulo com luzes (lanterna com celofane), movimentação lateral e vertical.

Estimulação visual precoce - parte I


   Sabe aquelas luzinhas de Natal que a gente deixa o ano inteiro guardadas para as festas de final de ano? Pois faça o favor de desempacotar. Sabe aquelas pulseirinhas de neon que a gente sempre vê em festas de casamento, formaturas e bailes? Pois arrecade algumas ou procure uma loja especializada. Sabe aquelas folhas de papel celofane que você só lembra de usar quando quer fazer um belo pacote de presente? Pois aqui vai outra dica de uso: mude as cores de sua lanterninha!

   Com essas pequenas mudanças em casa conseguimos montar um ambiente de estimulação pra Marina, desde o início de outubro de 2010, quando começou a usar óculos.

   O mais importante a saber é que qualquer bebê, independente de possuir deficiência visual, começa a reter a atenção primeiramente em pontos luminosos, depois objetos de colorido contraste, para em seguida  notar tudo à sua volta com maior acuidade visual.

   Por isso a primeira grande dica para as mamães é que se aproxime bastante de seus bebês para conversar com eles. Assim ele associará mais rápido a voz com a sua fisionomia, ainda que sua imagem não esteja perfeitamente clara para ele.

   Para as mamães que estão estimulando bebês com baixa visão, é muito importante brincar bastante com objetos luminosos e com constraste (por exemplo, preto/branco, marinho/amarelo). Abaixo um dos cantinhos de exercícios da Marina:
   
Dentro do berço montamos um móbile (arcos em preto/branco, amarelo/vermelho),
com brinquedos super coloridos.

Em volta dos arcos, notem as luzinhas de Natal. Elas piscam no ritmo das músicas natalinas.

No detalhe, Marina, desviando atenção para o ponto vermelho da máquina fotógrafica. Linda!

Catarata congênita: outra criança feliz!

Perto do Natal conheci a história da Isabella, uma linda menina de 08 anos que desde os 04 meses usa lentes de contato. A mãe de Isabella, Cláudia, foi pra mim uma prova de que Deus está presente em nossas vidas, por ter sido mais que um relato de mãe para mãe, mas uma mãe estendendo carinhosamente a mão para outra mãe inexperiente. 
Com a licença dela, divulgo a feliz história da pequena Isabella, pelas palavras da mãe:
"Na época em que a Isabella nasceu houve um problema de interdição na maternidade da nossa cidade e tive que fazer o parto em outra cidade com médicos desconhecidos. O pediatra que acompanhou o parto não percebeu o problema dela, inclusive quando fizemos alguns questionamentos sobre o fato da Isabella permanecer sempre de olhos fechados, mesmo quando estava acordada, ele respondeu, de forma irônica, que dava para notar que ela era primeira filha, neta e sobrinha, e que estávamos querendo achar um defeito na criança.
Na consulta de rotina, de 02 meses, já na minha cidade, a Pediatra Ana Lúcia, que até hoje a Isabella e todos nós temos um carinho muito especial, percebeu que havia algo de errado e solicitou que o mais rápido possível ela fosse encaminhada para um oftalmologista.
Como não estávamos conseguindo marcar consulta de um dia para o outro, preocupados com a situação, fomos para o consultório de uma oftalmologista e ficamos aguardando um encaixe, mas a secretária informou que naquele dia seria impossível, porém não desistimos, continuamos aguardando, até que na saída da médica do consultório, isto por volta das 12h00min, ela nos viu ali sentados com a Isabella no colo e perguntou para a secretária o que estávamos esperando, quando a secretária disse que era aquela mãe, pai e avó que ela havia falado, os quais não haviam desistido. Com os olhos cheios de lágrimas, implorei para que a médica atendesse minha filha, o que ela fez com o maior carinho.
Durante o atendimento a médica já disse que parecia ser algo mais grave e que deveríamos ir para um centro maior, para através de exames, constatarmos qual era o problema da Isabella. Foi daí então que a própria médica telefonou para a cidade de Joinville e marcou uma consulta de urgência para aquele mesmo dia às 15h00min na Clínica Sadalla Amin. Devido a distância entre as cidades, apenas pegamos uma bolsa de roupas para Isabella e viajamos sem almoçar, pois senão não chegaríamos a tempo para a consulta.
Ao chegarmos na Clínica fomos atendidos pela oftalmopediatra, Dra. Lígia Bonotto, a qual solicitou diversos exames, para daí então nos informar o diagnóstico. Ela ainda informou que existiam duas suspeitas, sendo que em uma delas ela poderia enxergar, claro que com limitações, e na outra teria um quadro de cegueira. Um dos exames seria realizado apenas no dia seguinte. As horas de espera foram intermináveis, até que às 11h00min, após a realização deste último exame, a médica abriu a porta do consultório e disse 'Que entre a família da Isabella, e entrem comemorando, pois ela vai enxergar'. Naquele momento olhei para os lados e vi meu esposo e minha mãe chorando de felicidade, pois aquele era o melhor diagnóstico.
Durante o atendimento a médica explicou que a Isabella tinha catarata congênita em ambos os olhos e necessita de cirurgias urgentes. No final daquela mesma semana, após ter feito todos os exames pré-operatórios necessários a Isabella se submeteu a primeira cirurgia, realizada pela Dra. Lígia e pelo Dr. Newton (outro médico da clínica).
Não foi fácil entregar uma bebê tão pequena na porta de um centro cirúrgico, ainda mais que ela mamava e teve que fazer um jejum, o que fez com que ela chorasse de fome, mas felizmente a cirurgia foi um sucesso, sendo que 15 dias depois foi realizada a cirurgia no outro olhinho.
Mas muitas vezes, no percurso encontramos outros obstáculos, um mês após a segunda cirurgia, houve um “encapsulamento” em ambos os olhos e ela teve que fazer mais duas cirurgias.
Mesmo com a distância, no início levávamos ela para Joinville, duas vezes por semana, para fazer estimulação visual, com um gasto muito alto, pois era particular. Mas por sorte descobri que em um colégio estadual da minha cidade existia uma sala de recursos para deficientes visuais, onde a professora Eunice, de forma gratuita, já que é um serviço da rede estadual de ensino, passou a fazer um trabalho maravilhoso com a Isabella, com muita dedicação e carinho, aulas estas que ela ainda freqüenta duas vezes por semana.
Com relação as lentes de contato, inicialmente se tratava de uma sugestão, pelo fato da criança tirar muito os óculos, ou desviar o olhar por cima ou pela lateral dos óculos, o que poderia prejudicar o tratamento. Quando a Dra. Cleusa, também médica da Clínica, começou nos explicar como seria o uso, ficamos um pouco assustados, pois achávamos que jamais conseguiríamos colocar lentes de contato rígidas em um bebê, mas as assistentes da médica nos treinaram uma tarde toda até que nós conseguimos.
A adaptação foi maravilhosa, sem qualquer tipo de rejeição. Com relação as trocas das lentes, elas ocorrem conforme o crescimento da criança, ou então em caso de perda. No início a Isabella chegou a perder algumas lentes, mas foram poucas, pois como a lente é azulada, quando percebíamos que ela estava sem a lente, procurávamos na cama, ou na roupinha dela e geralmente achávamos.
Hoje a Isabella acorda e a primeira coisa que faz é correr para colocar as lentes, o que ela já faz sozinha há mais de 02 anos e apenas tira a lente na hora de dormir. Vai para a piscina, todos os dias no verão, com as lentes sem óculos de proteção e nunca perdeu dentro da água. Na praia ela também quase não tem problemas, se acontece de um grãozinho a areia entrar na lente, nós, que sempre estamos com o estojo, sacamos com uma ventosa (sacador) que acompanha a lente e é muito prático, lavamos com um água mineral e recolocamos novamente, sem que ela seja privada das alegrias da vida.
No início eu tirava a lente mais vezes, pois quando ela fazia um soninho mais longo, era recomendada a retirada da lente, mas com o passar dos meses, foi se tornando cada vez mais fácil. A Isabella se adaptou tão bem que ela nunca esfregou os olhinhos para tirar a lente.   
Minha mãe foi a pessoa fundamental no tratamento da Isabella, sempre digo que no início do tratamento ela foi os olhos da Isabella, pois como eu trabalho era ela quem levava ela para as aulas de estimulação visual. E sempre estava a procura de brinquedos coloridos e com luzes que pudessem a estimular. Quando passávamos pela frente das lojas, eu sempre escutava alguém dizer, 'conseguimos encomendar aquele brinquedo que a avó da Isabella pediu', os quais eram importantes para estimulação. Nos últimos 08 anos ela passou a viver em função da Isabella, é mais do que uma mãe. No início da alfabetização, com medo que a Isabella não enxergasse as linhas do caderno ela chegou a reforçar uma a uma as linhas com caneta, até que ela se adaptasse.
(...)
Os bebês tem uma ótima aceitação para as lentes, pois não interpretam aquilo como um corpo estranho, mas sim, como algo que já nasceu com eles. A minha filha tem uma paixão tão grande pelas lentes, que quando comentamos que em pouco tempo ela fará novas cirurgias para impantar as lentes intra-oculares, ela chora, dizendo que não quer tirar as "enxergadeiras" (como ela se refere a lente)."
        Duas vezes por semana ela faz aulas de estimulação visual.
        No início eu fiquei muito assustada, mas a cada dia estamos mais felizes com o resultado do tratamento.
       Um abraço
          Claudia.